Tuesday, August 23, 2011




Transcendente da noite que cai,
Ebulindo obstáculos visuais,
Lendo a vergonha em velhas letras,
Fantasia de superação,
Ruídos completam meu paradoxo...
Suspendendo memórias num ponto cego.
Como uma nuvem pequena num vendaval,
Me desfaço em direções opostas,
Fé cega numa fuga vã.
Saturado das mesmices à granel,
Penso e não vejo, risos de onde?
Linha doce que paira no ar,
Nada mais pode dizer,
O vazio necessário de um degrau acima,
Vontades não se resumem em palavras melancólicas,
O exagero da plenitude se torna patético.
Devagar se vê toda a imperfeição,
Que torna a vida vivível...
Não há do que reclamar,
Faça ser apenas ecos no vazio,
Abro os olhos num mundo que pensava não existir,
Saber a gente sempre sabe,
Acreditar pode ser viver pela metade.

Monday, June 27, 2011


A chuva deixa tudo mais verde.
Não vivo mais os extremos,
Me contento com a primavera.
As vezes me perco,
Inventando razões para continuar,
Quando na verdade não há.
Pouco a pouco a chuva vai se misturando ao meu sangue.
Não sei mais o que é saudade,
Não sei mais muita coisa sobre a vida.
Fui criado à sua semelhança,
Fui esquecido amarrado à uma falsa esperança.
Por mais que eu grite,
Você finge não escutar,
Cansei de ouvir minha propria voz,
Falando sozinha no vazio.
Vivo minha falsa liberdade,
Vivendo a merda da vida pela metade.
Uma hora suas palavras não surtirão mais efeito.
Sua indiferença não vai mais afogar meus sentimentos.
Primavera, surreal.
Dias solitários regados a chuva,
Inferno astral.
Sempre incompleto,
Sempre por partes,
Nunca por inteiro,
Nunca é muito tempo.

Monday, February 21, 2011


Nós nos demos cargos e sobrenomes,
Criamos a religião,
Vestimos roupas e tomamos Champagne,
Tudo para nos diferenciar de um cão.

Inventamos problemas para nossa existência vazia,
Pregamos ideias que no fundo sabemos que não temos certeza,
Morte à quem se opõe à suposta verdade Relativa.

Não existe um Deus,
Nem ao menos um Messias num mundo pagão,
Não existe um demonio,
Bem como não há apenas um vilão.

Nós crescemos ensinados a defender o sistema,
Acreditando que ele nos protege,
Estimulados por sensacionalismo barato,
Compelidos à consumir futilidades que pagamos caro.

Não há sucesso absoluto,
É uma maldita guerra que nunca termina,
Uma guerra em que já somos todos derrotados,
Nosso progresso é uma piada de mal gosto.
Onde nossa humanidade só tem fracassado,

A benevolência caminha de mãos dadas com a hipocrisia.
Vivemos presos sob fronteiras e limites que acreditávamos nos proteger,
Nossos sobrenomes, nossas roupas, nossos bens e nossas etnias,
Falam mais alto do que a pluralidade de nosso ser,

Julgamos para não sermos julgados,
Atacamos para não sermos atacados.
E quem está errado?

É tudo e nada,
Anjos e demônios,
Paixão e raiva,

Amor e ódio,
Razão e emoção,
Realização e fracasso,
Liberdade e opressão,
Vida e morte,
Luta e rendição,

Lutam entre si como víboras,
Nos fazem "porções únicas",
Porções extintas.

Vidas se vão sem deixar saudade,
Momentos também,
Olhando para trás não vemos nada,
Olhando ao nosso lado,
Não vemos ninguém.